Estes objetos me trazem uma coisa sensorial. A gente falou de cheiros, de cores, de texturas, do gosto do chá. Me fez lembrar de um poema do Drummond, posso ler?

’...ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternura e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela....’

Para mim este poema tem um pouco desta busca por identidade que estou vivendo agora quando ele fala de “sair do quintal de si mesmo.” Ele também fala da saia de chita que traz um pouco do colorido, leveza e despretenção representada no quadro que escolhi para me definir e fala de ir e viver a verdade, ser feliz, uma coisa que eu acho que esta super representada nestes objetos.
— Evelin
Quando fui pegar as coisas na casa da minha avó, não pude pegar essa cadeira porque ninguém deixava. Ela pertenceu a meu bisavô que passou para meu avô, que passou para o meu pai, que quer passar para meu irmão, por isso ninguém deixava eu pegar. Então, resolvi ‘roubar’ a cadeira e mandar restaurar. Quando meu pai vem me visitar ele adora sentar na cadeira e contar a história dela. Ele tem uma relação muito forte com ela. Sempre se emociona falando de toda esta história que ela carrega.
— Evelin
Minha relação com minha avó é engraçada porque acho que quanto mais envelheço, mais me conecto com ela, mesmo ela não estando mais aqui. Eu carrego o nome dela como segundo nome porque ela era minha madrinha e na cultura da minha familia você carrega o nome de sua madrinha. Cresci achando que isso era normal. Só depois descobri que era uma tradição da região da minha familia. Me acho super parecida com ela. Sou o que sou por conta dela. Gosto dessa foto também por causa do meu avô. Eu não o conheci, então a foto tem um pouco desse mistério de ver uma pessoa ali, super especial, que faz parte da minha história, mas que não conheço.
— Evelin
Estes dois objetos tem a ver com toda essa descoberta de um amor diferente que estou vivendo. Este livro, particularmente, me ajuda a entender um pouco de como a gente vai criando essa conexão a partir de nossas referências e também como a gente pode desconstruir tudo isso e aceitar o amor verdadeiro da forma como ele vem e se apresenta. O anel foi um presente e pra mim ele é bem importante porque tem a simplicidade do feito a mão, super delicado, o que expressa muito do que eu sou. Quando você está com uma pessoa que saca muito de sua essência, da sua verdade, isso te ajuda a ser quem você é 100% do tempo. É bom ter alguém que me ajuda a me aproximar de mim.
— Evelin
Eu gosto muito desta cesta. Ela traz uma certa poesia pelo fato de ser uma cesta, algo que eu posso deixar no pé do sofá. Aqui dentro, além do trico, tem os restos de uma sainha de tule que eu fiz para a filha de uma amiga e que me traz um pouco desse universo lúdico, meio fantástico do mundo das fadas que também faz parte de mim. Embora faça muito tempo que não abro a cesta, acho que ela está relacionada com um lado meu mais criativo e fantasioso.
— Evelin
O trico é uma coisa bem forte pra mim porque ele tem um lado racional, matemático, mas também um lado mais criativo e emocional que se expressa nas cores e desenhos que você escolhe. Esses dois lados estão em constante conflito dentro de mim. Faz muito tempo que eu não faço trico e nesse momento que estou em busca do que gosto, do que realmente quero fazer, ele voltou muito forte. Esse ano quero terminar esse cachecol. Nem lembrava que ele estava ficando tão bonitinho. Trico é ótimo para esvaziar a cabeça. É meio meditativo.
— Evelin

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